Por Rogerio Ruschel (*)
Apesar de serem as mais tradicionais e visitadas, as caves
subterrâneas francesas da Champagne, Borgonha e Bordeaux, com no máximo 20
quilometros, não são muito grandes. As maiores do mundo estão localizadas na
Moldávia, um pequeno país que ficou independente da União Soviética em 1991
(veja no mapa abaixo). A Moldávia – também conhecida no passado como Moldova, Dacia e Bessarabia - tem uma história que
quase 5.000 anos e sempre ligada ao vinho.
Atualmente seus cerca de 4,5 milhões
de habitantes tem 25% do PIB baseado no vinho e o país é o sétimo maior
exportador de vinhos do mundo, o que vem injetando muito dinheiro no país. Na
foto abaixo parte do skyline da parte moderna da capital Chisinau.
Duas comunidades da Moldávia discutem quem tem a maior
adega do mundo: Cricova e Milestii Mici.
As “minas de
Cricova” ficam perto da capital Chisinau e suas entranhas de calcáreo começaram
a ser escavadas no século XV com o objetivo de fornecer calcáreo e cal para a
construção de Chisinau, a capital. Chisinau, com muitos parques e praças (abaixo)
é considerada uma das capitais européias mais arborizadas.
As minas viraram adegas em Cricova e somam cerca de 100 quilômetros de
comprimento; em seus corredores de até 7,5 metros de largura e 3,5 metros de
altura que albergam cerca de 1,3 milhões de garrafas com 653 marcas diferentes,
podem circular automóveis por ruas que são batizadas com nomes de uvas como
Praça Cabernet, corredor Pinot Noir,
ruas Chardonnay, Sauvignon, Feteasca, praça Aligote ou avenida Muscat.(Podia ter uma praça Alvarinho, não?)
A Coleção Nacional de Vinhos de Cricova, que fica dentro
da adega, é famosa e respeitada: as garrafas mais antigas datam de 1902 e entre
elas estão algumas preciosidades que pertenceram ao general nazista Hermann
Goring. Durante os períodos de guerras as minas da Cricova foram utilizadas
como esconderijo de combatentes ou para estocagem de armamento – o que, aliás,
também aconteceu na França durante a invasão nazista da segunda grande Guerra.
Milhares de visitantes visitam a Coleção Nacional e a
adega desde que começou a ser usada para guardar vinhos nos anos 1950;
registros mostram que os presidentes
da China (Zian ZeMin), da França (Jacques Chirac), da Polonia (Alexander
Kwasniewski), da Romania (Lon Iliescu) e da Russia (Vladimir Putin, que
comemorou seus 50 anos lá dentro), além de russos como Leonid Brejnev e Mijail Gorbachov costumavam ir lá para provar os vinhos.
Aliás, moradores dizem que Yuri Gagarin (foto abaixo), o primeiro homem a
viajar para o espaço e voltar para o Planeta Terra se perdeu em Cricova durante
dois dias em 1966 e quase não voltou…
A outra adega concorrente
ao titulo de maior do mundo se chama oficialmente Empresa Estatal e Complexo Industrial de Vinhos de Qualidade
Milestii Mici, criada oficialmente em 1969 para
armazenar, amadurecer e preservar vinhos de alta qualidade para
exportação. Sim, é gerenciada pelo
governo – veja abaixo o brazão das armas do governo Moldavo.
Existem informações conflitantes
sobre Milestii Mici. O que é verdade é que as galerias subterrâneas podem
atingir a profundidade de até 100 metros solo a dentro e alcançam as bordas da
capital Chisinau. Consta que no total tem cerca de 200 quilometros de galerias,
mas o acesso geral é em apenas nos 55 quilometros atualmente utilizados. De
qualquer maneira Milestii Mici foi reconhecida pelo livro dos
recordes Guiness como a maior coleção de garrafas de vinho de qualidade do
mundo, com mais de 1,9 milhão de garrafas.
Acho que daria para receber os amigos em um fim-de-semana, não?
(*) Rogerio Ruschel é brasileiro, jornalista, enófilo e visitou caves
subterrâneas em Saint Emillion, Bordeaux - mas ainda vai visitar a Moldávia. Este post foi publicado originalmente em In Vino Viajas - http://invinoviajas.blogspot.com.br/ em dezembro de 2013
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