Por Rogerio
Ruschel, de São Paulo, Brasil (*)
A preocupação com o aquecimento global do
planeta (o Réchauffement de la Planète
em frances) em suas várias frentes também chegou ao mundo do vinho. A
mudança da temperatura, do calor no solo, dos ventos e dos ciclos de chuva cria
problemas e demanda soluções de técnicas agrícolas como a pesquisa por novas
variedades de uvas e técnicas de cultura dos vinhedos (imagem acima), como também
no contexto da produção de vinhos mais “ecológicos”. É a sustentabilidade na
taça, procurando preservar os aromas naturais da uva, identificados pelos
especialistas em degustação e ilustrados neste poster abaixo.
Os franceses estão preocupados – ou pelo
menos parece mesmo que estão. Uma das reações já é conhecida e dá frutos: grupos
franceses (ou de investidores globais com sede na Inglaterra, Estados Unidos ou
paises árabes) vem adquirindo há mais de 10 anos grandes extensões de terras e
propriedades no sul da América do Sul como na Patagonia Chilena e Argentina
(veja abaixo) ou em outras fronteiras do novo mundo, por conta das macro-tendências
climáticas. Conforme estudos científicos, com o aquecimento global estas
regiões vão ficar cada vez quentes e mais interessantes como terroir para
vinhedos de espécies adaptadas de vitis
niviferas.
Mas também trabalham na adaptação ao
Réchauffement de la Planète (o Global Warming, Calentamiento Global ou Aquecimento
Global em frances): um grupo que reune 23 laboratórios franceses envolvidos num
projeto batizado de Projet Laccave, para definir uma estratégia climática para
a indústria. Os “laccavistas” trabalham com institutos de pesquisa para
entender a evolução dos vinhedos diante do fenômeno e encontrar respostas para
os viticultores e um conselho científico composto por especialistas da Europa,
África e Américas, participa do trabalho. O objetivo é oferecer vinhos mais
saudáveis para os consumidores – que hoje são ainda jovens e crianças com os
quais já se fazem programas de eduação ambiental (veja fotos abaixo).
Em outra frente, a preocupação dos consumidores
com a saúde também está provocando mudanças em termos de sustentabilidade. Em
paralelo às pesquisas o mercado vai ampliando a procura por vinhos mais
“ecológicos” por conta de noticias como esta que circulou em 2012 e sacudiu o mundo
dos produtores: testes realizados com mais de 300 vinhos franceses descobriu
que apenas 10% deles estavam limpos de quaisquer vestígios dos produtos
químicos utilizados nos tratamentos dos vinhedos. E segundo consta, as
vinícolas da Europa utilizam cerca de 30 mil produtos químicos diferentes, razão
pela qual editoras publicam guias e estudos sobre produtos químicos e vinhos,
como este abaixo da Vinatur.org
Hoje você pode encontrar em lojas ou restaurantes
estes vinhos com apelos ecológicos sem dificuldade. Alguns são produzidos em vinhedos
certificados como 100% ecológicos (ou próximo disso), outros não fazem nem a
limpeza do “mato” (que na verdade não é “mato”) entre as mudas das videiras,
como nesta foto abaixo, do vinhedo da Pita Loca, da Espanha.
Se você se preocupa com o meio ambiente estes rótulos são uma boa
alternativa de consumo, desde, é claro, que ofereçam o que se espera de um bom
vinho: sabor e boa relação custo/benefício.
E na verdade, mais do que isso em um vinho
“saudável” como sintetizado no rótulo abaixo, que mostra que o produto contém
cultura ancestral, emoções, trabalho de familias, um modo de vida diferente,
sulfitos naturais, etc e tal.
O que é um pouco mais dificil porque produzir
vinhos sem a lógica da produção massiva que requer o uso de defensivos,
pesticidas e produtos quimicos, ainda dá
mais trabalho e é mais caro - mas permite obter-se uma produção de uvas com
mais qualidade e cachos com uma melhor concentração de açucar (como as que,
aparentemente estão na foto abaixo) com as quais se pode fazer um vinho muito
mais saudável.
Temos vinhos assim no mercado há mais de 30 anos e a produção de
vinhos mais ecológicos vem crescendo om regularidade, embora ainda signifique
menos de 5% do total mundial. São vinhos produzidos com Agricultura Racional,
Cultura Biológica ou Orgânica, principios de Biodinâmica e vinhos Naturais. Em outro post você vai saber como
se caracterizam estes tipos de “vinhos ecológicos”, conhecer um pouco mais sobre
a legislação e a classificação deste vinhos. Até lá, um brinde a quem respeita
a natureza.
(*) Rogerio Ruschel (rruschel@uol.com.br
) mora e trabalha em São Paulo, Brasil, onde é jornalista, enófilo e consultor
especializado em sustentabilidade socioambiental. Ruschel é editor do blog In
Vino Viajas, de enoturismo, cultura do vinho e turismo de qualidade, que tem leitores
em 87 países – Acesse em http://invinoviajas.blogspot.com.br/
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