segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Veja porque Lagoa, no Algarve – que tem algumas das praias mais lindas do mundo - foi eleita a Cidade do Vinho 2016 de Portugal

Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor ou leitora, anote: Lagoa, uma pequena cidade com menos de 6.000 habitantes na região do Faro, no Algarve, bem no sul de Portugal, vai aparecer com mais frequência em publicações de enoturismo e turismo neste ano de 2016. É que ela foi eleita a Cidade do Vinho de Portugal 2016 pela AMPV – Associação dos Municípios Portugueses do Vinho.
Lagoa substitui Reguengos de Monsaraz, do Alentejo, que foi a Cidade do Vinho 2015 – e que apresentei aos leitores em vários reportagens. Para vencer a concorrência da AMPV, Lagoa apresentou um grande projeto envolvendo quase todos os municípios do Algarve e uma centena de instituições ligadas ao mundo do vinho, da gastronomia, do turismo, da agricultura, dos negócios e do desenvolvimento em geral.
Desidério Silva, Presidente da RTA - Região de Turismo do Algarve, informou que o enoturismo complementa a oferta turística da região e que “em 2016 todo o Algarve estará em festa para celebrar a gastronomia e os vinhos do maior destino turístico português”.  E o projeto apresentado promete realizar um grande conjunto de eventos e iniciativas de cultura, esportes, gastronomia, patrimônio e turismo durante 2016. Evidentemente In Vino Viajas vai acompanhar e documentar tudo para você.
O município é considerado um centro da agricultura no Algarve; sua outra mais importante atividade econômica é o turismo, especialmente ao longo da costa, nas áreas de Carvoeiro e Ferragudo, que alia patrimônio histórico, identidade regional, gastronomia supimpa e muitas praias ensolaradas (abaixo) – entre as quais a praia da Marinha, de prestigio internacional, na foto acima - e campos de golfe como o Gramacho e o Pinta, que fazem parte do Pestana Golf Resort, e o Campo do Vale de Milho com nove buracos. 
O Convento de São José, construído em 1738, na parte histórica de Lagoa é o ícone da cidade. No jardim do convento está um menir proveniente da região de Porches, com origem entre 5000 a 4000 A.C. Hoje o convento é o Centro Cultural da cidade e sedia exposições de pintura, fotografia e escultura, concertos e peças de teatro, palestras e pequenas feiras. 
Outros patrimônios arquitetônicos e históricos são o Castelo de São João do Arade, de 1643, no bairro Ferragudo (foto abaixo); o Forte com a capela da Nossa Senhora da Rocha, também denominado Castelo de Porches, que aparece em registros do ano 1250; e a igreja de Nossa Senhora da Luz, no centro da cidade, reconstruída em finais do século XVIII após o terremoto de 1755, que mantém a porta original do século XVI. 

A cidade fica a apenas 7 quilometros do litoral e tem tradição vinícola ancestral, que foi perdida mas está em recuperação. O Algarve é uma das regiões mais quentes de Portugal, favorecendo a produção de vinhos brancos e rosés frescos e atraentes com as uvas Siria, Arinto, Perrum, Malvasia Fina, Manteúdo e Negra Mole e e tintos aromáticos e elegantes especialmente com as uvas Touriga, Alicante, Castelão, Aragonez, Trincadeira e Negra-Mole. Existem quatro DOCs na região: Lagos, Portimão, Lagoa e Tavira, mas os melhores vinhos estão na denominação genérica de Vinho Regional Algarve porque têm regras mais flexíveis e fazem blends das castas autorizadas com ótimas surpresas.
Lagoa já teve uma produção muito maior do que atualmente e sedia quatro vinícolas - outras três vão iniciar a produção em 2016. Uma das vinícolas, a Quinta dos Vales em Estômbar, é uma combinação de adega com um centro de arte montado no coração dos vinhedos. A vinícola recebe muitos visitantes que procuram os bons vinhos e exposições de escultura moderna. Veja as fotos acima e abaixo.
A Única - Adega Cooperativa da Lagoa (foto abaixo) tem 64 anos, vários rótulos com premios internacionais e também organiza degustações de vinhos e visitas guiadas às vinhas; no verão aproveita seus mais de 26.000 metros quadrados de área e realiza a Feira Fatacil onde é possivel conhecer os maiores produtores da região e também a produção de artesanato, turismo, agricultura, comércio e indústria do Algarve – além, é claro, de degustar a gastronomia local.

Foi de Lagoa e da vizinha Tavira que no final do século XIX, quando a filoxera devastou os vinhedos da região do Douro (bem como de quase toda a Europa), milhares de pipas de vinho foram enviadas para Gaia, para que o Douro não parasse de produzir os vinhos do Porto.
O Algarve, bem no sul do país, é frequentemente citado como um dos melhores lugares do mundo para morar depois de aposentadoria; quando você for conhecer suas atrações enotrísticas, saiba que a Rota dos Vinhos do Algarve tem quatro roteiros e muitos vinhos para provar.
Para saber mais sobre as rotas de vinhos, veja o que já publicamos sobre o Algarve aqui: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/10/algarve-portugal-eleito-o-melhor-lugar.html 


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um brinde à Baronesa Philippine de Rothschild, atriz, mecenas e empresária - e agora um mito no mundo do vinho.


Por Rogerio Ruschel (*)
Prezado (a) leitor(a), você vai conhecer um pouco sobre uma grande mulher que acabou de falecer. Pequena ainda, perdeu a mãe em um campo de concentração nazista, e apesar de milionária, escolheu ser atriz de comédia por mais de 30 anos. Presidiu ativamente uma das maiores empresas vinícolas do planeta, mas sempre encontrava tempo para ajudar artistas. E estava sempre sorrindo. Esta foi a Baronesa Philippine de Rothschild.

Pois a Baronesa agora vai descansar. Falecida dia 22 de Agosto de 2014 aos 80 anos, a ex-presidente da Baron Philippe de Rothschild SA. foi enterrada nos jardins do seu Château Mouton Rothschild em uma capela rústica denominada “Salle des Vendengeurs,” na presença do marido Jean-Pierre de Beaumarchais; de seus três filhos, Camille, Philippe e Julien; seus 10 netos e mais de 1.200 pessoas entre personalidades do vinho, da política, da moda e das artes do mundo inteiro. 

A imprensa lembrou sua inteligência, criatividade, o calor, o perfeccionismo e a alegria com que encarava todos os desafios e aspectos da vida. A filha Camille tranquilizou os convidados dizendo que a família estava serena e confortada e seu irmão Philippe garantiu que a empresa (fotos abaixo) estava em boas mãos e que ele estava determinado a honrar o legado de mamãe, um negócio próspero com produtos respeitados e admiradores em todo o mundo.
 
Complexa, visionária e obstinada, a Baronesa Philippine de Rothschild foi presidente do Conselho de Administração e acionista majoritária da empresa familiar Baron Philippe de Rothschild e uma figura monumental no mundo do vinho.

À frente da empresa, Philippine ajudou a inovar todas as áreas, incluindo a criação de uma segunda linha de vinhos além dos Grand Crus e da badalada marca Château Mouton Rothschild. Foi iniciativa dela produzir vinhos na Califórnia (Opus One, foto abaixo) e no Chile (Almaviva) por meio de parcerias com sócios locais.

Ela também foi, desde 1980, a responsável por selecionar os rótulos dos produtos Chateau Mouton Rothschild, uma tradição que desde 1945 teve rótulos desenvolvidos por artistas como Braque, Dali, Picasso, Kandinski, Chagall, Bacon, Tàpies, Miró, Andy Warhol e Koos - veja alguns destes róulos nas fotos abaixo. Sempre apoiou ou financiou as artes omo mecenas e foi grande incentivadora da exposição itinerante "Mouton Rothschild.: arte e etiqueta".

E foi um exemplo na vida privada como filha, esposa e mãe. Filha única, Philippine perdeu a mãe que foi deportada para um campo de concentração em Ravensbrück e morreu em 1945. Casou com o ator Jacques Sereys, com quem teve dois filhos, e depois com o acadêmico e escritor Jean-Pierre de Beaumarchais, com quem teve o terceiro filho, Julien.

Teve longa carreira como atriz de teatro de comédia na França entre os anos 50-70 sob o nome artístico Philippine Pascal, que abandonou para assumir o lugar de seu pai na empresa, o Baron Philippe de Rothschild, quando este morreu em 1988.
Um brinde a esta grande mulher e empresária que nunca optou pelo mais fácil.
(*) Rogerio Ruschel é enófilo e jornalista brasileiro e já teve o prazer de  beber um Gran Cru Château Mouton Rothschild.
 

domingo, 31 de agosto de 2014

Degustação de vinhos portugueses no Brasil: produtos únicos com personalidade, identidade – e sabor!

Por Rogerio Ruschel (*)
Aceitei o convite e esta semana “esqueci o comum e aproveitei o único”. Explico: participei da Grande Degustação Vinhos de Portugal, no espaço Rosa Rosarum, dia 23 de agosto em São Paulo, onde pude degustar vinhos diferenciados e únicos, feitos com uvas com identidade e personalidade próprias. Trata-se de mais um excelente trabalho da Vinhos de Portugal no Brasil, sempre com muita qualidade em tudo.
Portugal tem uma longa tradição na criação de vinhos únicos. Desde o ano 2.000 Antes de Cristo sucessivas gerações se dedicaram a cuidar de vinhas e aperfeiçoar processos de vinificação, trabalhando com cera de 250 castas de uvas típicas da região  - autóctones - que formam um patrimôno vivo de Portugal. Entre estas uvas que me surpreendem sempre estão as brancas a Alvarinho (foto abaixo), Arinto, Encruzado, Fernão Pires (que tem dado ótimos colheita tardia), Roupeiro, Rabo de Ovelha, Gouveio, Cercial, Viosinho Côdega, Loureiro, Trajadura, Azal, Antão Vaz, Bical e outros, em várias regiões portuguesas.
Entre as uvas tintas típicas de Portugal estão a Touriga Nacional (foto acima), Baga, Castelão, Trincadeira, Tinta Roriz (Aragonez), Touriga Franca, Alicante Bouschet, Moreto, Alfrocheiro, Porto, Tinta Barroca, Tinta Cão, Tinta da Barca, Tinta Francisca, tinta Barroca. Estas uvas acabam permitindo a riqueza de vinhos com cerca de 30 DOCs (Denominações de Origem Controlada) e IGs (Indicacões Geográficas) espalhadas pelo país, e nas ilhas Açores e Madeira. Veja o mapa abaixo.
Este patrimônio vinícola, associado à gastronomia também personalizada, tem atraído cada vez mais consumidores, quase na mesma velocidade com que as belezas naturais, histórias e culturais – outro patrimônio do país - tem atraído turistas e enoturistas. Só para lembrar, no começo de agosto saiu o resultado de um concurso no qual os leitores do maior jornal dos Estados Unidos – o USA Today – escolheram o Alentejo (foto abaixo), em Portugal, como o melhor entre 20 destinos vinícolas do mundo, à frente de regiões badaladas como Champanhe e Bordeaux, na França, a espanhola La Rioja, a Toscana italiana, a Croácia e até mesmo Napa Valley, na Califórnia.
Esta Grande Degustação Vinhos de Portugal ai estar também em Curitiba (01/09), Ribeião Preto (03/09) e Vitória (05/09). A Vinhos de Portugal tem um slogan excelente: “Alguns fazem vinhos, outros fazem história”.  E de fato é assim mesmo. Trinta e dois produtores estiveram apresentando seus produtos – vinhos tintos, brancos, rosés e espumantes – e fazendo história. Adorei provar cada pedacinho desta história (abaxo, vinhedo na região do Vinho Verde).

(*) Rogerio Ruschel é jornalista e enófilo, mora e trabalha em São Paulo, Brasil e está sempre à procura de novidades em vinhos regionas portugueses

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O mundo está de olho: saiba como a rolha de cortiça preserva os aromas do seu vinho e os recursos do nosso planeta.

Por Rogerio Ruschel (*)
Meu prezado leitor (a), nosso planeta realmente precisa de ajuda: a partir de 19 de agosto, no restante deste ano de 2014 estaremos consumindo mais recursos naturais do que o planeta consegue repor. Neste que é o Dia da Sobrecarga da Terra (Overshoot Day), medido pelo Global Footprint Network (GFN), entramos “no vermelho” em termos de estoque de recursos - e aquela corujinha do Alentejo, Portugal, que está na foto de abertura, está atenta ao que fazemos.
Eu procuro ajudar como consumidor, inclusive de vinhos: além de procurar rótulos ecológicos ou biológicos, procuro evitar garrafas com tampas de plástico ou alumínio, porque são feitas de recursos finitos, além de deselegantes. E como  jornalista gostaria que você soubesse que a cortiça ajuda porque é um dos poucos materiais construtivos que é 100% natural, 100% ecológico e 100% reciclável – além de 100% eficiente para selar garrafas de vinho.
Ou seja: além de preservar o vinho, a cortiça ajuda a preservar recursos naturais como as abelhas (acima, produzindo mel no Algarve português) que polinizam flores e frutas e por incrível que pareça, estão desaparecendo.
A cortiça é obtida a partir da casca do sobreiro (veja as fotos acima), uma árvore da espécie Quercus, típica de ecossistemas da bacia mediterrânica (Argélia, Marrocos) e litorâneos do sul da Península Ibérica e com influência atlântica (veja  mapa abaixo).
Em Portugal – produtor de 53% da cortiça do mundo e também o principal  importador – este ecossistema se chama Montado de Sobro (foto abaixo) e representa cerca de 21% da área florestal do país.
Espécie protegida por lei há séculos (em Portugal desde a Idade Média), o sobreiro chega a atingir 25 metros e 300 anos de vida e além de seu óbvio valor econômico, ajuda a preservar áreas gigantescas – cerca de 2 milhões de hectares da bacia mediterrânica - veja as regiões no mapa acima.  Em Portugal cerca de 730 mil hectares de Montado de Sobro formam um santário de biodiversidade que protege mais de 60 espécies de aves, 24 de répteis e anfibios, 37 mamiferos e centenas de espécies de plantas – segundo pesquisadores, cerca de 135 diferentes plantas por hectare. Entre os animais protegidos estão o Lince Ibérico e a Cegonha, abaixo.
Como é uma árvore grande, alta e tem uma longa vida, o sobreiro estabiliza ciclos naturais, ajuda a preservar o solo, recicla nutrientes e água, produz matéria orgânica em bom volume, reduz a velocidade dos ventos e pelo fato da cortiça ser um ótimo isolante, ajuda a evitar incendios florestais.  E nestes tempos de crise de recursos do planeta, meu caro leitor, a cortiça tem outra qualidade muito valiosa: é um material altamente ecoeficiente, do qual nada se perde.
A cortiça é retirada do sobreiro (fotos acima e abaixo) a partir de 25 anos de idade, e a partir daí, de nove em nove anos, em média. Mas para uso em garrafas de vinho a cortiça só terá condições ideais a partir do terceiro descortiçamento, quando a árvore vai estar com cerca de 43 anos. Aliás, isso quer dizer, meu caro leitor, que a rolha de sua garrafa pode ter uns 50 anos de vida, mais “velha” do que o próprio vinho, mesmo os de guarda.
Então quando a cortiça ainda não está adequada para se fabricar rolhas, é utilizada em dezenas de indústrias, especialmente para design e mobiliário; os resíduos industriais da produção tem alto valor em indústrias técnicas (automobilistica, aeroviária, ferroviária, vedantes) e até mesmo o pó de cortiça é utilizado para geração de energia “lipa”. E é claro, a cortiça é 100% reciclável.  Além disso, a pegada ambiental da cortiça é altamente competitiva:  as florestas portuguesas de Montado de Sobro fixam até 1 milhões de toneladas de CO2 por ano e as rolhas de cortiça emitem 10 vezes menos CO2 do que rolhas de plástico e 24 vezes menos do que cápsulas de alumínio! E se considerarmos também aspectos econômicos, sociais e culturais, a rolha de cortiça vai continuar abrindo meus vinhos prediletos. A agregacão de valor econômico da indústria da cortiça para Portugal significa 30% do PIB da agricultura, 16.500 empregos diretos e milhares de empregos indiretos associados a atividades que existem em função da preservação do Montado de Sobro, como agricultura familiar, produção de aniais domésticos, mel e cera; produção de carvão, pesca e turismo. 
Para os sete países mediterrânicos produtores (Portugal, Espanha, Marrocos, Argélia, Tunísia, França e Itália) a atividade corticeira sigifica a geração de cerca de 100 mil postos de trabalho – e a extração da cortiça, por sua delicadeza e especialização é o trabalho agrícola mais bem pago do mundo.
E para completar, saiba que a rolha de cortiça protege a qualidade do vinho agregando valor à saúde. Explico: quando em contato com o vinho os taninos e flaonóides da cortiça (e do vinho) formam compostos antioxidantes, antibacterianos e anticancerígenos que ajudam a diminuir o risco de doenças cardiovasculares e degenerativas. E isso explica porque a cortiça é usada também nas indústrias farmacêutica e cosmética.

Pois é, meu caro amigo, e tudo isso preservando a qualidade integral do vinho, especialmente desde 1997 com a adoção do CIPR, um conjunto de normas de fabricação de rolhas de cortiça, que praticamente elimina a possibilidade dela contaminar o vinhos. Na verdade esta certeza já havia sido demonstrada na vida real, quando 70 garrafas de champanhe produzidas entre 1782 e 1788 pela Veuve Clicquot foram encontradas no fundo do mar Báltico, entre a Finlândia e a Suécia, e se constatou que as rolhas de cortiça as tinham mantido intocadas por mais de 220 anos!
Então fica fácil entender porque eu – e mais de 80% dos consumidores e vinhos – preferimos rolhas de cortiça. E entre estes consumidores acrescento o de uma personalidade de prestígio internacional e venerável consumidor de vinhos, o Príncipe Charles que disse m discurso no evento Eironatur, em 2002, na Alemanha,  que “Não entendo a razão pela qual alguém quer colocar uma rolha feia e sintética no gargalo de uma garrafa de vinho, mas isso certamente causa impactos negativos de longo prazo.” 


Saiba mais:

Sobre o aquecimento do planeta e a indústria do vinho - http://invinoviajas.blogspot.com.br/2014/01/os-impactos-do-rechauffement-de-la.html
Sobre a cortiça: http://www.apcor.pt/

(*) Rogerio Ruschel mora em São Paulo, Brasil, onde edita o blogue de enoturismo e cultura do viho In Vino Viajas e fica desejando estar sempre em Portugal






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